quinta-feira, maio 27, 2004

Da série
Assim caminha a humanidade

Nossos ancestrais



Desde os primórdios da história seres humanos demonstram seu desejo de comunhão com a natureza e sua infinita capacidade de observação. Foi descoberta recentemente uma antiga tribo que percebeu nas formigas seu perfeito símbolo de ordem e bom trabalho em conjunto. Sendo tais formigas inofensivas, apesar de muito abundantes na região, tal tribo passou a adorará-las como deuses.

Assim sendo, no início da primavera, quando a natureza voltava a vicejar e os bichinhos voltavam ao seu trabalho, se espalhando por toda a região, essa tribo celebrava sua fé. Todos depositavam na porção central da aldeia, dedicada aos cultos, suas oferendas. Essa oferendas se constituíam basicamente de mantimentos, em especial os açucarados. Então oravam e idolatravam seu Deus Formiga, para depois, estando toda a área tomada pelos insetos atraídos pelas pilhas de mantimentos, iniciarem os festejos. Que constituíam em longas danças frenéticas de vários dias, numa coreografia que contemporaneamente pareceria uma série de pulinhos coletivos, alternando as duas pernas e içando os joelhos o mais alto possível. Quanto mais altos os joelhos chegassem, e maior fosse a freqüência dos saltos, maior a fé. Além da dança vários membros da comunidade rolavam pelo chão, em êxtase.

sábado, maio 22, 2004

presença

Eu sinto saudade suas e por um momento eu não tenho corpo, nenhuma presença física. Sou só essa saudade. E então me lembro do corpo e já sou só tudo que me envolve, essa cadeira, esse teclado, e saio pela casa sendo a casa e todos os cheiros e pedaços da casa. Como aquela personagem do Calvino. A estupidez de não reconhecer seu limite físico deve estar relacionada a felicidade, essa sim perdemos à medida que passamos a depender muito da cabeça. Sentir que tudo que se precisa é o calor do sol, água, imensidão, e o seu braço liberta. O que me tira de mim me salva.

As vezes chego a te odiar mas a raiva não passa por todo o corpo, não sendo o que me move nem meu sangue nem minhas meias. Só por esse canal estreito por onde passam as palavras. E assim, uma palavra sua me consola, e volto a desejar ser esse céu de maio.

quinta-feira, maio 20, 2004

nada de novo no front

E após longos dias de trabalho, um cansaço metafísico
Maior que meus músculos, não sou trabalhador braçal- não no sentido literal. Mas nem é cerebral, pois não me desgasto assim fácil por bobagens do trabalho.

o doutor falou que não há cura para angústias extemporâneas.

Pesadelo enxadrista

Só pode pensar - eu estava errado! Enquanto sentia o rigor mortis tomando seu corpo que lentamente tombava de lado, minutos após haver presenciado a sua mulher sendo comida por um alto membro do clero.


O fato dele ter ido para o céu solucionou muitos problemas dessa série. E o caso do ortodontista, envolvendo pecinhas, torções e apertões acabou se tornando um fantasia sado-masoquista. Mas isso é outra história.

Agora acabou, credo.

Augusto dos anjos

Ser a solidão única companhia é uma bonita figura de linguagem. Um verso íntimo é um bichinho que rói, rói, rói.

Hoje eu acordei um pesadelo humorista.

Porque, mesmo nessa manhã de sol

Que só amanheceu assim após longa noite, que em silêncio martelou a eterna sensação de se ser uma ervilha de castigo. O ponto no canto da sala, da piada. Uma piada. O minúsculo e solitário pingo de nada no canto do mundo.
Nem um móvel, nem uma samambaia.


segunda-feira, maio 17, 2004

Pesadelo onanista

- Eles estavam certos! Eles estavam certos!
Caiu da cama, tropeçou nos móveis, deu de cara na parede, se estrepou todo.

Orkut

Segunda feira cedo. Olhos vermelhos, dor nas costas.
Não, não é gripe.
Ignorar user despertador. Ainda reporto meu chefe as bogus.


Pesadelo criacionista

- Eles estavam certos! Eles estavam certos!
Ninguém ouviu seu desabafo, veio o aspirador de pó e...

Próximos capítulos: pesadelo marxista, pesadelo sofista, pesadelo ortodontista.

quarta-feira, maio 12, 2004

Clicherama

Sem eira nem beira
Queria começar um a frase assim mas não achou continuação possível.
- Quem manda querer usar frase feita.
Quando me vou sozinho pelo mundo
- Citar ópera em português vagabundo é pior ainda
Pausa para salvar.
- É um problema da pós-modernidade a pausa para salvar o arquivo.
Os mais ricos escreverão mais, pois quanto melhor o computador menor a pausa, menor a chance de se perder o fio da...
- Deus do céu, lugar comum acompanhado de discurso marxista sem pé nem cabeça é de lascar.
- Rima com vai te catar.
- Jesus salvai-me.
- Para quem se diz ateu você usa bastante o nome Dele.
- Se eu não fosse seria pecado, que eu sei os mandamentos, seu crente da bun...